Desmatamento ameaça capacidade da Amazônia de capturar carbono, diz estudo - Papo dos VERAS

Desmatamento ameaça capacidade da Amazônia de capturar carbono, diz estudo

 Relatório alerta que floresta pode deixar de armazenar quase 3 bilhões de toneladas até 2030


SÃO PAULO/SA: A capacidade da Amazônia de capturar carbono pode cair drasticamente até 2030 se governos da região não reforçarem o controle sobre o desmatamento. A projeção é de um estudo inédito da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) e do Woodwell Climate Research Center, que alerta para o risco de perda de até 2,94 bilhões de toneladas de carbono armazenadas nas florestas da região nos próximos cinco anos.

Os pesquisadores analisaram três cenários possíveis para o futuro do bioma, considerando diferentes níveis de proteção e fiscalização ambiental. No cenário mais crítico, de “ausência de territórios indígenas e áreas naturais protegidas”, a Amazônia passaria de armazenar 85 bilhões de toneladas de carbono em 2023 para 82,2 bilhões em 2030 — uma redução de 3,5%. Essa perda seria causada pelo avanço descontrolado da agropecuária, da mineração e de obras de infraestrutura sobre os territórios florestais.

O levantamento mostra que Territórios Indígenas (TI) e Áreas Naturais Protegidas (ANP) concentraram 61% do carbono florestal capturado em 2023, sendo as regiões com maior preservação e menor taxa de desmatamento.

“Cada tonelada de carbono mantida nos bosques amazônicos é uma aposta no futuro do planeta. Fortalecer a proteção desses territórios é essencial para conservar as maiores reservas de carbono do mundo”, afirmou Mireya Bravo Frey, coordenadora do Projeto Ciência e Saber Indígena por la Amazonía, da RAISG.

Em um cenário intermediário, chamado de “regulação permissiva”, a redução seria de 2,7%, com perda de 2,29 bilhões de toneladas até o fim da década. Já no caso de “inércia” — sem mudanças significativas nas políticas ambientais —, a queda seria de 2%, o equivalente a 1,1 bilhão de toneladas.

Os dados indicam que a capacidade de captura de carbono da Amazônia já vem diminuindo. Entre 2000 e 2023, os bosques deixaram de armazenar 5,7 bilhões de toneladas de carbono, uma queda de 6,3%, segundo o levantamento.

Nesse período, mais de 88 milhões de hectares de floresta deram lugar a áreas agropecuárias, urbanas e de mineração, o que enfraqueceu a regeneração das árvores e reduziu sua capacidade de fotossíntese.

A RAISG recomenda ações urgentes para frear o desmatamento e os incêndios florestais, fortalecer os direitos territoriais dos povos indígenas e conectar áreas de conservação por meio de corredores ecológicos.

“Se não reconhecermos o papel central dos povos indígenas, a Amazônia deixará de ser aliada climática e se tornará fonte de crise. Não se trata apenas de árvores, mas da vida no planeta”, alertou Renzo Piana, diretor do Instituto do Bem Comum, integrante da rede.


DIVULGAÇÃO: REPRODUÇÃO - CNN BRASIL/VINÍCIUS MURAD


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